Meu quarto, por alguns anos, resumiu-se a esta imagem: a cama, guarda-roupa pequeno, prateleira e um criado mudo desenhado e feito com compensado, madeirite, pregos enferrujados, papelão, colagens e fita plástica.
A gaveta de um móvel que encontrei na rua; a única que tinha para minhas coisas; e um espaço para colocar minhas bolsas / mochilas dos tempos de escola e faculdade.
Acredito que para nossa estrada profissional, também não precisamos de muito mais que isso.
Vem comigo que te explico no caminho.
Meu (no caso, o seu) quarto.
Depois de se olhar no espelho e, quem sabe, rever sua imagem, que tal partir para uma lista?
Olhe para sua história, e tente separar:
Suas aptidões (aquilo que te cativa, seus desejos de trabalho, o que chamariamos de vocação) das suas habilidades (as coisas que você aprendeu ao longo da sua carreira);
Seus objetivos (onde quer chegar) das suas metas (os passos, específicos, que você vai tomar para chegar no objetivo), preferivelmente que sejam atingíveis, mensuráveis, com prazo determinado e relevantes.
Finalmente, revisite seus sentimentos: às vezes, aquele trabalho terrível é apenas estar acompanhado de gente que não sabe parar de reclamar.
Às vezes, a pessoa amarga / difícil / que não encontrou a sintonia correta de comunicação, no trabalho, é você!
Só te falta espelho; às vezes, você se impõe limitações que deixam todo o ambiente (e sua vida) piores do que realmente são.
E é isso. Agora, que a pilha de coisas tá no meio do quarto, coloque no lugar.
O que é de prateleira lá, o que é de guarda-roupa, o que é de estar na gaveta e, principalmente, o que é de deixar pra lá.
Lá fora do quarto. Lá fora da carreira.
E o que vai na prateleira?
Suas melhores recordações. Aquilo que te desperta todos os dias, independendo o quanto te motive.
Prioridade ao que é prioridade: na frente, a imagem profissional mais alinhada com quem você realmente é, para construir quem você quer ser quando crescer [ou quando parar, que, bem conversadinho, é a mesma coisa].
No lugar mais alto, o objetivo até a próxima etapa de vida / carreira.
Ainda nos nichos intermediários, as inspirações, referências, e os marcos que te permitam não esquecer o que você já fez pra chegar até aqui (e sempre tem alguma coisa de valor!).
Naquilo que vai ficar à mão, as ferramentas para alcançar seus objetivos.
Por último, na base, tudo que vai fazer cada meta ser cumprida.
Já pra única gaveta…
Somos seres emocionais, que fingem ser racionais.
E que precisam se maquiar com o despir de emoções para construir uma imagem altiva e sólida profissionalmente.
Atire o primeiro like que nunca transbordou no trabalho. Neste mix de razão e emoção, a melhor gaveta que você tem é o seu coração.
O quarto é a sua mente. É a sua capacidade de organizar minimamente o que você quer, pra quando você quer, e atentar-se para quantas desculpas são responsabilidade do mundo, e quantas estão sob sua atitude (ou falta dela).
A prateleira são os seus sentimentos.
Mente organizada nos dá espaço para entender como nos sentimos, e dimensionar minimamente o que é vida, do que é trabalho, o que é história do que é carreira. Aí, entra a gaveta.
Com coração, escolhemos guardar o que é mais importante. Amamos nossas escolhas, acima dos nossos cargos, e de quantos dígitos nossos ordenados recolhem.
Carreiras, empregos, empresas, isso tudo é absolutamente transitório.
Encher o coração de vontade é começar a tocar o impossível e, ai, seu conceito de sucesso será redefinido não pela média, idiota, de ser como todo mundo quer (pare)[c]ser.
Não vai ter idade, condição, companhia, circunstância que te impeçam de chegar onde você realmente se sente à vontade para merecer estar.
Foi naquele quarto, 13 anos atrás, que comecei a batalhar pra chegar aqui onde alcancei, para fazer o que faço.
A prateleira mais alta ainda tem um objetivo bem claro.
E o coração, crente de que nada, nada é impossível quando ele está cheio de vontade.
Você, vai encher o seu coração com o quê? Quem vai morar nesse quarto aí?
Imagens utilizadas:
http://stylish-homes.tumblr.com/post/170867616460/librarybedroom-in-treme-new-orleans