A trilogia Geração de Valor é o que tem de mais rico na literatura nacional sobre empreendedorismo.
Fonte de admiração e inspiração entre a “faixa de gerações” da qual faço parte, Flávio Augusto da Silva tem uma história singular.
Incialmente, poderia até ter seguido o roteiro padrão, e aplicar numa série de livros “como fazer” a forma como prosperou financeiramente.
Até nisso tem uma ótima sacada: ficou tudo para o MeuSucesso.com.
Contudo, escolheu outro “gatilho emocional” (do exemplo).
Criou um meio de relacionamento com o público a partir das redes e mídias sociais, chamado Geração de Valor [linkei o blog, mas tem canal no Youtube, Facebook, Instagram, etc.].
Esse material produzido desde 2011 fora adaptado e “transcrito” em 3 livros, que um grande amigo emprestou para leitura.
Confesso que não dava muita bola.
Não pelas ideias e princípios, dos quais compartilho valor igual (e percebi mais coisa alinhada).
Mas porque na casca não tem nada diferente ante qualquer outro gigante empreendedor almeja.
Depois prosperar onde pôde / escolheu, partir para outra aspiração absolutamente humana: ser ou estar imageticamente reconhecido, ser admirado.
Contudo, pouco importa quais motivos ou aspirações ele teve para isto.
Milhões de pessoas foram beneficiadas com essa ideia, e não me cabe o julgamento acerca de uma pessoa como ele, pelo contrário…
Lida a trilogia, eis as 10 coisas mais destacadas e chamativas no Geração de Valor para mim:
1) O trauma de ter ficado várias horas por dia no transporte público foi grande.
Constantemente abordado nos três livros, até para reforçar que “todo mundo pode” [chegar lá].
Tanto pelo tempo gasto em cada dia, quanto pelo click de passar a investir esse tempo imaginando onde conseguiria chegar [e chegou].
2) Há um conceito de ração / alpiste / prisão é bem forte [e extremamente válido], mas há de se ter cuidado para não trocar uma prisão pela outra.
Tem quem prefira e precise ficar no modelo de “toma aqui minhas 44h semanais (fora o tempo de deslocamento), aceito o pagamento de um modelo de vida que nunca parei para pensar se gosto mesmo ou não, apenas sigo pela média”.
Pular dessa pra “agora vou ser empreendedor” e viver de seguir os clichês ou fórmulas de lançamentos, e/ou prestar pouca atenção em como é o caminho para construir qualquer coisa com verdade e solidez, pode vir a ser só uma “mudança de gaiola”.
Ainda amarrado em vários gatilhos mentais da sociedade de consumo…
3) “O presente é um cheque pré-datado do futuro”.
Também abordado de várias formas, um simbolismo extremamente forte.
Básico: a vida é plantar e colher.
Nesse sentido, se não pensamos grande e alto para o amanhã, a colheita de hoje pode vir a ser humilde e pequena, ou não te tirar do lugar.
É uma questão de perspectiva: ou você tem ambição sem ter ganância [feito isso, um passo dado para obter sucesso!], ou você vai fugir, pois, só gosta de ler sobre desafios e como “os outros conseguiram o que eu não consigo”.
4) O empreendedorismo é pra todos e pra poucos, ao mesmo tempo.
Para todos pois, de alguma forma, estamos empreendendo em tudo que fazemos em nossas vidas [ao colocar algumas coisas no automático, nem prestamos atenção que no fim das contas não conseguimos deixar de ser um só].
E é da maneira como empreendemos na vida, que aprendemos [ou não] se vamos empreender “direito” em um negócio / produto / serviço.
Assim como na vida, é uma construção por etapas, que leva tempo, dedicação e um senso apurado de escolhas [e de como aprendemos com os erros].
Para poucos, pois poucos são os que percebem isto tudo, fazem esta leitura e saem do lugar.
5) A gordura mental é mais prejudicial que a física.
Ou, num português mais simples: muito estudo é bom para conhecimento e se um prazer, melhor ainda.
Mas nada é mais legal que fazer algo com o aprendizado obtido.
O linkedin é uma grande prova disso… muita gente reclamando, muita gente catando motivação de tudo quanto é jeito, perfis lindamente abarrotados de cursos, especializações e tudo o mais que a rede sugere para ampliar sua própria inteligência sobre como nos vender melhor [enquanto dados].
Quem tá fazendo, de fato, tá com pouco tempo pra rede social… e no fundo, talvez lembre que tudo que colocamos neste espaço é um pouco mais “deles” do que nosso.
6) Uma das grandes sacadas da trilogia é misturar textões com páginas ilustradas de mensagens visuais.
Boa parte das que estão neste post fazem parte dos livros.
Cria uma atemporalidade maior para o conteúdo existente ali.
E os transforma em “obrigação na prateleira”, para quem gosta de constante lembranças sobre os rumos que escolhe tomar ou prefere a “motivação em papel”.
7) Seguir a manada versus seguir seu caminho
A provocação que mais cutuca o senso comum, é a que tem a abordagem mais assertiva para quem já estava com um pé no ato [corajoso, frise-se] de mudar o modelo de vida.
Somos ensinados para ser empregados, aliás, o sistema de ensino ainda é como é por causa da revolução industrial [e do desenho da nossa sociedade de consumo].
Num mundo em constante evolução, como é pensar que você estuda da mesma forma que pessoas há quase 200 anos faziam?
8) O desapego é imprescindível.
O empreendedorismo não tem regras “sagradas”.
Porém, tanto para o sucesso empresarial, quanto para o sucesso na vida, é necessário desvitimizar-se e parar de culpar a imprensa, politica, sociedade, pelas suas mazelas particulares.
Considerando, é claro, que você tenha plena consciência de que é responsável por tudo que vive [ou deixa de viver], que não é obrigado a acompanhar o noticiário, e que nenhuma grande reportagem que você possa ter lido nos últimos 30 dias modificou 1 mm de suas atitudes em prol do que deseja intimamente.
Por isso, caro leitor: desapegue de tudo que não te faz bem.
E siga alguns passos para fazer [quase] tudo que realmente quiser.
9) É muito sobre aprender a ter foco no que é certo pra você.
E não perder a consciência do básico e elementar para uma vida plena.
Observar quem agrega e quem destrói; não ser uma pessoa orgulhosa; ter um propósito claro, ser ambicioso sem ser ganancioso, sonhar sempre, batalhar pelos seus objetivos, nunca deixar que as circunstâncias tornem-se desculpas.
Finalmente, não pegar tudo isso para fazer motivação barata sem sair da sua zona de conforto, seguindo na manada.
10) É tudo sobre inteligência emocional
O novo “domínio avançado do Pacote Office” no mundo do emprego e um dos temas “em voga e vibe” constante no universo profissional, maturidade psicológica é bom para ter uma vida boa, uma carreira boa, e um empreendimento bom.
Estar de bem consigo e ser capaz de enxergar a si e ao outro de maneira plena.
Fazer tanto quanto ser.
Ter grandeza sem ser grande.
Ter poder sem precisar demonstrar força.
Estar pleno em tudo que escolher.
E chegar lá, seja onde o seu lá for / significar.
Geração de valor: vale a pena sim.
Isto posto, recomendo a leitura especialmente se algum dos pontos acima te deixou mais contrariado do que o de costume, ou pronto para alguma “auto defesa” padrão de quem está “feliz” com o que faz e vive.
Se tudo corre bem e sente-se em paz com o que faz, vive, e o cargo que ocupa, é uma leitura recomendada para tirar insights para inspirar parceiros no seu ambiente, ou construir exemplos para melhorar qualquer coisa que estiver minimamente te incomodando.
Sem o preciosismo de intitular-se “um GV”, rs.